Falta de comunicação prejudica distribuição eficiente de medicamentos e vacinas pela rede do SUS

Para evitar o desperdício, especialistas em saúde pública dizem que o governo federal, estados e municípios precisam melhorar a comunicação sobre os estoques e aperfeiçoar os processos.

A falta de uma comunicação mais integrada entre governo federal, estados e municípios está impedindo a distribuição eficiente de medicamentos e vacinas pela rede do SUS e prejudicando o tratamento de pacientes. Na farmácia da Prefeitura de São Joaquim de Bicas, perto de Belo Horizonte, um anticoncepcional fornecido pelo Ministério de Saúde esteve em falta entre novembro e dezembro do ano passado. “Sempre tentamos intervir de uma forma positiva, ir até o prescritor, tentar alguma alternativa de troca, para que o paciente não fique desassistido”, afirma Joyce Nascimento, responsável técnica de São Joaquim de Bicas.

O Ministério da Saúde incinerou milhares deste mesmo medicamento no ano passado, por estarem vencidos ou perto da data de validade. O Jornal Nacional obteve os dados por meio da Lei de Acesso à Informação. Desde 2015, o governo federal perdeu mais de R$ 2 bilhões com insumos inutilizados, mais da metade só em 2023. Segundo o Ministério da Saúde, a pandemia acabou impactando qualquer planejamento para o uso dos medicamentos.

“Teve uma diminuição de vários programas, né? As pessoas deixaram de ir aos serviços de saúde porque estávamos em uma pandemia e essa era a orientação – uma orientação que era correta naquele momento -, mas todos os serviços estavam voltados para o atendimento da Covid. Isso também impactou uma série de controle de várias doenças”, ressalta Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde do ministério. Além de imunizantes por causa da queda da cobertura vacinal, na lista, também estão remédios de combate à hipertensão, outros de alto custo usados, por exemplo, no tratamento de câncer, além de anti-inflamatórios e anestésicos.

Em Teresina, uma mulher, que preferiu não se identificar, disse que a família teve que comprar morfina para aliviar os sintomas do irmão, que morreu no mês passado com uma grave infecção na perna. Segundo ela, o analgésico estava em falta no hospital de urgência da capital do Piauí. “Só Deus sabe o que ele estava passando, a dor que ele estava sentindo. E a dor da gente também, vendo aquela situação”, relembra. A morfina que faltou em Teresina também está na relação de medicamentos incinerados.

O Ministério da Saúde envia os medicamentos para os estados, que armazenam em depósitos, e depois são distribuídos para os municípios. Para evitar desperdícios, especialistas em saúde pública dizem que é preciso melhorar a comunicação entre os estoques para aperfeiçoar os processos de compra e o remanejamento, por exemplo, de um remédio de sobra em uma determinada cidade pra atender outra onde esteja em falta. O mestre em saúde pública Ricardo de Souza defende um diálogo mais integrado entre governo federal, estados e municípios, na divisão de responsabilidades:

“Quando eu tenho uma cidade próxima a outra, o sistema da rede SUS funciona em rede mesmo, ele foi pensado pra funcionar em rede -, então você tem as macrorregiões de saúde, as microrregiões de saúde, você tem os estados. Deveria haver trocas maiores de informação. Olha, eu tenho aqui um medicamento pra vencer. Isso há hoje, mas ainda há de uma maneira informal. Precisávamos ter, por exemplo, um município ou uma macrorregião controlando quais as medicações, principalmente as de alto custo, quais as medicações que efetivamente poderiam ser trocadas”.

Laíse Macedo, superintendente de infraestrutura e logística de saúde de Minas Gerais, gerencia a distribuição de 37 milhões de comprimidos e ampolas por mês para os 853 municípios mineiros, e ela afirma que essa falta de comunicação torna ainda mais difícil avaliar as demandas de cada cidade. “Eu vejo que falta muito para a gente conseguir enxergar esse estoque de ponta a ponta. No caso do ministério, que entrega esses medicamentos para a gente, ele não consegue enxergar o nosso estoque, o estado não consegue enxergar o estoque do município, porque não tem esse sistema integrado”, destaca.

O Ministério da Saúde disse que está criando um sistema que interliga as informações de toda a cadeia – governos federal, estadual e municipal – e que montou um grupo de trabalho para analisar o volume e validade dos medicamentos comprados pela gestão anterior. “O que nós conseguimos fazer é entender o estoque, ver o prazo de vencimento, de validade dos produtos, e trabalhar minimizando as perdas daquilo que fosse possível. Essa foi a nossa ação. Nesse momento, o Ministério da Saúde trabalha em um sistema de informação para que a gente siga todo o percurso do produto até chegar ao usuário final, que são as pessoas que utilizam o nosso Sistema Único de Saúde”, diz Ethel Maciel.

Fonte: Jornal Nacional

‘‘Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.’’ João 1:4 (para entender, clique aqui, assista ao vídeo e se surpreenda)

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